Qui, 15 de setembro de 2016, 17:04

Sala de Cuidados: iniciativa traz serviços de ‘saúde popular’ para a universidade
Toda quarta-feira, serão oferecidas práticas como massoterapia, Reiki e acupuntura auricular

O conhecimento científico pode – e deve – conviver com os saberes e práticas tradicionais e populares. O Campus da Saúde de Lagarto, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), dá mais uma mostra de que é possível essa integração. Teve início nesta quarta-feira, 14, a Sala de Cuidados, projeto que oferece serviços de massoterapia, Reiki e acupuntura auricular. A atividade, aberta à comunidade acadêmica e à comunidade externa, acontecerá todas as quartas-feiras, no Laboratório de Habilidades I, do prédio Departamental do Campus.

A Sala é organizada pelo Movimento Popular de Saúde (Mops) e pela Articulação Nacional de Educação Popular em Saúde (Aneps). O Mops é uma organização popular que busca envolver grupos na defesa da saúde pública e, ao mesmo tempo, articular práticas integrativas e tradicionais do cuidado em saúde. Já a Aneps é uma rede que procura organizar entidades para atuar junto ao Sistema Único de Saúde (SUS), no desenvolvimento de ações de Educação Popular articulados à gestão da saúde pública.


Dona 'Udinha', responsável pelo projeto na UFS
Dona 'Udinha', responsável pelo projeto na UFS

Responsável pela realização da Sala de Cuidados, a integrante do Mops, Josefa de Lourdes Pacheco – conhecida como Dona Udinha –, diz que o objetivo de atividades como essa é aplicar e compartilhar conhecimentos. “Procuramos mostrar para as pessoas que seu conhecimento tem valor e que elas devem usá-lo para ajudar os outros e a si mesmas”, afirma.

Um exemplo do que afirma Dona Udinha é o da moradora do povoado Fazenda Grande, em Lagarto, Cristina Rodrigues da Silva. Ela usufruiu dos serviços oferecidos pela organização e passou a fazer parte do projeto. “Gostei muito e agora estou podendo mostrar o que aprendi, aplicando minhas massagens, e ainda ensinando e aprendendo mais”, relata.


Cristina (à esquerda) aplica terapia de massagem
Cristina (à esquerda) aplica terapia de massagem

O campo das práticas integrativas e complementares contempla sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos, os quais são também denominados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de medicina tradicional e complementar/alternativa. Uma dessas práticas – a aplicada por Cristina – é a massoterapia, que é uma técnica terapêutica de massagem corporal.

A partir de 2006, o Ministério da Saúde criou e organizou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), contemplando as áreas de Homeopatia, Plantas Medicinais e Fitoterapia, Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura, Medicina Antroposófica e Termalismo Social – Crenoterapia, promovendo a institucionalização destas práticas no Sistema Único de Saúde.


Adriana Carvalho, diretora acadêmico-pedagógico do Campus de Lagarto
Adriana Carvalho, diretora acadêmico-pedagógico do Campus de Lagarto

Para a diretora acadêmico-pedagógica da UFS de Lagarto, Adriana Carvalho, aliar as práticas integrativas e complementares ao conhecimento científico é uma prerrogativa da proposta metodológica do Campus. “Estamos à frente, pois, sintonizados com as políticas públicas de saúde, nossos oito cursos já preveem, eu seus currículos, as práticas integrativas complementares”, orgulha-se Adriana. “Apoiar iniciativas como a Sala de Cuidados é importante porque, além de estarmos oferecendo esses serviços à comunidade, estamos também capacitando nossos discentes nas práticas integrativas”, conclui.


Acupuntura auricular: paciente recebe terapia
Acupuntura auricular: paciente recebe terapia
Irmã Fátima: auriculoterapia busca curar distúrbios emocionais e físicos
Irmã Fátima: auriculoterapia busca curar distúrbios emocionais e físicos

Outro serviço oferecido na Sala de Cuidados é a acupuntura auricular – também chamada de auriculoterapia. Segundo Irmã Fátima – freira católica, natural de Japaratuba (SE) e moradora da Colônia Treze, em Lagarto –, o procedimento é “um tratamento específico que usa a orelha como campo de ação para curar distúrbios emocionais e físicos”. A religiosa aprendeu a técnica em cursos do Mops e hoje é voluntária, realizando o procedimento nas ações da organização. “Consiste em um tratamento de reflexo”, explica Fátima, “pelo qual localizamos o ponto na orelha que corresponde ao órgão ou parte do corpo onde o distúrbio se manifesta e estimulamos esse ponto com o uso de uma semente, levando o cérebro a agir sobre o distúrbio”.

A estudante de Terapia Ocupacional, Caroline Santos, aprovou a iniciativa e o tratamento – reclamando de uma dor lombar, ela se submeteu à auriculoterapia. “Não foi a primeira vez que usei o tratamento e novamente senti uma melhora imediata no incômodo que estava sentindo”, assegurou a discente.


Caroline Santos, estudante, aprovou tratamento
Caroline Santos, estudante, aprovou tratamento

Outra prática adotada na Sala de Cuidados é o Reiki, técnica que tem por base a crença na existência da energia vital universal, manipulável através da imposição de mãos. O Reiki também integra as práticas integrativas e complementares, assim classificadas por considerarem os fatores sociais, culturais e de meio ambiente, entre outros, como essenciais para a conquista da saúde.

Marcilio Costa

Jornalista – UFS/Lagarto


Atualizado em: Qui, 15 de setembro de 2016, 17:36
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