A banca formada para a defesa da tese de doutorado do professor Paulo Martins, na manhã de ontem (17), apresentou um novo momento para a Universidade Federal de Sergipe (UFS). Além de docentes da Instituição, um pesquisador de Recife (Pernambuco) integrou a banca através da telepresença. Essa participação foi possível graças à tecnologia disponibilizada pelo Núcleo de Desenvolvimento de Telemedicina, resultado da parceria entre a UFS e a Cisco Systems - empresa norte-americana que cedeu o equipamento, em uso pela primeira vez no Brasil.
Paulo defendia sua tese na sala de pós-graduação da UFS, no Hospital Universitário, em Aracaju. Enquanto isso, a tecnologia disponibilizada pela Cisco permitiu que o professor Arnaldo Caldas participasse ativamente da apresentação, interagindo com os colegas, mesmo estando em Recife, em sua casa, usando o computador pessoal.
Arnaldo aprovou a iniciativa. “A experiência é fantástica, eu fico muito lisonjeado por ter participado da primeira banca à distância da Universidade Federal de Sergipe”, comemorou o professor. “Essa é uma realidade no mundo inteiro, mas aqui no Brasil a gente ainda está engatinhando; então, a UFS deu um grande passo”, completa Arnaldo.
O estreante da banca por telepresença, Paulo Martins, já projeta outros benefícios que a iniciativa pode permitir. “Esse tipo de tecnologia instalado aqui vai ser fundamental para a evolução dos núcleos de pós-graduação e até da graduação como um todo, porque diminui as distâncias entre as pessoas e permite que pesquisadores renomados do Brasil e fora dele possam participar, junto à universidade, de momentos importantes como esse”, defende Paulo.
Assim como Paulo, seu orientador no doutorado, Luís Carlos Ferreira, comemora poder contar com outros pesquisadores em atividades da UFS. “Tivemos a oportunidade de ter a presença e um professor de uma universidade de Pernambuco, de uma capacidade com reconhecimento internacional. A interação foi tão forte, que foi como se ele tivesse presente aqui em sala de aula, e pôde interagir em todos os momentos.", festeja Luís Carlos. “Isso permite que a gente possa avançar, não só em defesa de tese, mas em aulas, em troca de conhecimento, para o progresso da ciência”, conclui.
A telepresença para o ensino e a pesquisa
A coordenadora do Núcleo de Pós-Graduação em Medicina (NPGME), Amélia Ribeiro de Jesus, vislumbra muitas iniciativas que podem acontecer através da telepresença. “A participação de pesquisadores de fora do Estado e até do Brasil agora é possível com menos custos, além de exigir menos gasto de tempo com deslocamento dessas pessoas”, explica a coordenadora. “Tanto na integração de bancas como em palestras e conferências, a participação de referências de outros locais valoriza a pós-graduação da UFS”, completa.
Amélia prevê que em breve a telemedicina estará cumprindo seu principal objetivo, que é o de permitir o auxílio de especialistas da UFS aos atendimentos no Programa Saúde da Família no interior do Estado - foram instalados equipamentos semelhantes em hospitais de Lagarto e Tobias Barreto. “Afinal”, afirma, “foi esta missão que motivou a iniciativa, através da parceria UFS/Cisco”.
O Núcleo disponibiliza, atualmente, uma sala para as teleconferências. No entanto, Amélia defende a necessidade de se construir um auditório mais amplo e preparado para melhor uso da tecnologia. “Enquanto isso, uma melhoria provisória que buscamos é a ampliação da sala atual, anexando, quando necessário, duas salas vizinhas”, defende.
A primeira banca por telepresença
Comemorando a aprovação de sua tese e a estreia da banca por telepresença, Paulo Martins defendeu o trabalho “Transplante renal e risco de câncer de cabeça e pescoço: revisão sistemática e meta-análise”. O objetivo era de calcular o risco que pacientes submetidos a transplante de rim têm de apresentar a doença nessa região anatômica.
Paulo é professor do Departamento de Educação em Saúde, da Universidade Federal de Sergipe, campus de Lagarto.