O Campus de Lagarto trouxe ao interior da região Nordeste uma avançada estrutura para o ensino universitário, reunindo 8 especialidades da área de saúde, com uma proposta pedagógica inovadora.
A implantação do Campus de Lagarto se tornou possível e necessária com a instalação, em 2010, do Hospital Regional de Lagarto (HRG). Criado para atender cerca de 250 mil habitantes da microrregião de Lagarto, o Hospital tanto estimulou a vinda de profissionais da saúde para a cidade, quanto passou a exigir a formação de nova mão de obra qualificada.
O HRG foi transformado no Hospital Universitário de Lagarto, a partir de sua doação pelo governo estadual à UFS, concluída no final de 2014. A construção da nova sede do Campus de Lagarto foi financiada com recursos do Ministério da Educação, por intermédio da UFS, com apoio do Governo do Estado, tanto no custeio da obra quando na doação do terreno. Enquanto se deu a edificação da estrutura, o Campus funcionou provisoriamente em um prédio também cedido pelo Governo do Estado.
A criação
No dia 12 de junho de 2009, o Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, o Governo do Estado de Sergipe e a Universidade Federal de Sergipe firmaram um protocolo de intenções objetivando a instalação de um Campus da UFS em Lagarto, com a implantação de oito cursos de graduação na área de saúde (o campus conta também com nono departamento, o de Educação em Saúde, responsável pelo primeiro ciclo de todos os cursos).
Couberam à UFS a elaboração da estrutura pedagógica para a criação e o funcionamento dos cursos previstos, a responsabilidade pelo Projeto Estrutural, com vistas a definir as condições necessárias para a instalação, implantação e funcionamento dos cursos – englobando recursos humanos, área física, material científico-pedagógico –, e a realização do processo vestibular para o ingresso dos alunos.
O Governo do Estado de Sergipe contribuiu com a doação do terreno para a construção do novo Campus, com a disponibilização da sede provisória e com a alocação de recursos para a construção de imóveis, obras e serviços de infraestrutura, aquisição de equipamentos, entre outros. Além disso, juntamente com a Prefeitura Municipal de Lagarto, disponibiliza toda a rede de assistência em saúde vinculada ao SUS para a prática de atividades.
Com a autorização de instalação do novo Campus, foram criadas novas oportunidades de trabalho, sendo realizados concursos públicos para professores e técnico-administrativos, no intuito de atender à nova demanda, até então não existente.
Nova abordagem de ensino
Os novos projetos pedagógicos apresentados são estruturados a partir da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) e Metodologias Ativas de Ensino.
No Brasil, o modelo de Aprendizagem Baseado em Problemas (ABP), também conhecido como PBL (do inglês Problem Based Learning), tem sido o modelo adotado em diversas escolas médicas e outros cursos da área de saúde. No ensino tradicional, o professor, através de aulas habitualmente expositivas, é o grande responsável por fornecer o conteúdo a ser aprendido. Embora ele possa apresentar ou formular problemas para serem resolvidos com o conteúdo dado, o método ABP/PBL é mais amplo.
Em ABP/PBL, diferentemente, o discente é provocado pela situação/problema ou cenário e inicia suas buscas a partir daquele problema. O papel do professor é auxiliar nessas buscas e nas discussões do grupo tutorial. A preocupação é ensinar a aprender.
Os cursos de graduação nos quais se faz uso de ABP são estruturados preferencialmente em turmas pequenas, com um tutor e número reduzido de alunos. As aulas convencionais, com grandes turmas, são substituídas por sessões tutorais nas quais o conhecimento, habilidades e competências são aprendidos por meio de situações-problema, em ciclos de duração variáveis, habitualmente de uma semana, desenvolvidos com situações reais, situações construídas "simuladas" e em laboratórios de práticas.
Neste modelo de currículo, o conteúdo das disciplinas básicas é distribuído durante todo o curso, sendo aprendido de forma integrada durante o desenvolvimento das competências. Um passo além está sendo dado, quando se propõe estratégias de aprendizado não mais exclusivas ao curso de medicina, mas também para outros profissionais de saúde, que aprenderão de forma integrada e compartilhando cenários.
A metodologia utilizada, a multiplicidade de cenários de aprendizado e a utilização de situações, diretamente ligadas à realidade em que se inserem, aproximam a escola da comunidade e permitem uma melhor compreensão dos aspectos sociais pelo profissional formado nesta realidade.
Estrutura
Desde o segundo semestre de 2015, o Campus de Lagarto está instalado em sua sede definitiva. Hoje, a sede dispõe de cinco prédios construídos e em funcionamento: a Biblioteca, a Vivência Estudantil, o Departamental, a Clínica Escola de Odontologia e o Centro de Simulações e Práticas (Censipe).
No prédio Departamental, estão instalados laboratórios e o departamento administrativo. Estão funcionando também as salas de aula tutoriais.
O Centro de Simulações e Práticas, maior construção da nova sede, iniciou suas atividades em 2018. A estrutura dará mais eficácia às práticas dos diversos cursos do Campus.
Outra obra em andamento na sede é o Laboratório Multiusuário, construído em uma estrutura de módulos integrados, que reforça a prática clínica dos cursos de Farmácia, Nutrição e Odontologia. Além das estruturas laboratoriais próprias, o Campus tem ainda, como suporte, em parceria com o Governo do Estado de Sergipe e com a Prefeitura Municipal de Lagarto: o Centro de Especialidade Médica, o Centro de Especialidade Odontológica, as Clínicas de Saúde da Família, a Farmácia Popular, a estrutura do SAMU, o Centro de Reabilitação (na cidade de Simão Dias), a Clínica e Tutoriais em Fonoaudiologia, os espaços Tutoriais em Terapia Ocupacional e em Nutrição e o Hospital Regional de Lagarto.
Telemedicina
Desde 2013, a Universidade Federal de Sergipe conduz uma parceria com a empresa norte-americana Cisco Systems, em um projeto-piloto de telemedicina– atendimento médico via telepresença –, que visa à aproximação entre profissionais da saúde das cidades de Lagarto e Tobias Barreto e especialistas do Hospital Universitário da UFS, em Aracaju.
As Clínicas de Saúde da Família das duas cidades são conectadas a hospitais e especialistas do Hospital Universitário de Aracaju. A meta é melhorar o acesso ao atendimento especializado e a qualidade no serviço e na vida das crianças e de suas famílias.
O recurso da telepresença também pode ser utilizado em treinamentos e ainda para apresentação de projetos de alunos de cursos de medicina da Universidade, por exemplo. A colaboração pode aumentar o conhecimento e o treinamento de equipes de assistência locais e facilitar o acesso ao conteúdo científico disponíveis em centros de excelência.
Já para as equipes médicas locais, a atuação de forma colaborativa com especialistas poderá aumentar a capacidade de intervenção e melhorar o processo de tomada de decisões.
O projeto faz parte do programa global de responsabilidade social da Cisco “Connected Healthy Children” e combina os esforços da UFS, instituição reconhecida pela excelência em Ciências Médicas, e dos prestadores de assistência médica nos municípios envolvidos. Conta com o apoio também da Secretaria de Estado da Saúde, Ministério da Saúde e das Prefeituras das cidades de Tobias Barreto e de Lagarto.