Organizado por projeto de extensão, evento envolveu acadêmicos e comunidade
Foi realizado no último sábado, 16, em Lagarto, o Simpósio de Microcefalia, organizado pela Liga Acadêmica de Infectologia e Medicina Tropical de Sergipe (LAIMT). O evento aconteceu no auditório da Faculdade José Augusto Vieira (FJAV), e teve a presença de estudantes e professores do Campus, especialistas e autoridades.
A Liga Acadêmica de Infectologia e Medicina Tropical de Sergipe (LAIMT) faz parte de um projeto de extensão do Departamento de Medicina do Campus de Lagarto, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), e envolve atualmente 12 alunos (2 bolsistas e 10 voluntários).
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde no último dia 05 de janeiro, Sergipe permanece como um dos estados com maior incidência de casos de microcefalia no Brasil - 146 ocorrências. O objetivo do evento foi apresentar à comunidade acadêmica elementos para a multiplicação de informações acerca da prevenção à doença, transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti.
O coordenador do projeto de extensão, o professor Marco Aurélio de Oliveira Góes, explica que o crescente número de casos de microcefalia - e outras doenças transmitidas pelo mesmo vetor – exigirá mais atenção. “Os futuros profissionais da saúde deverão estar habilitados a lidar com essa nova população – crianças que nasceram com microcefalia e que vão demandar mais do sistema de saúde”, defende. “Além disso”, explica o professor, “também buscamos envolver profissionais, estudantes e comunidade, na luta pela redução das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti”.
Para o estudante de medicina e integrante da LAIMT, Luiz Gabriel Ribeiro de Assis, o papel do aluno não deve se limitar à preparação para atuar com seus futuros pacientes. Mas, os acadêmicos já devem contribuir, hoje, na luta contra a microcefalia. “Além de estudantes, somos multiplicadores de informação. Temos também o papel de fazer confluir os três eixos, ensino, pesquisa e extensão, buscando uma intervenção direta na comunidade”, defende o discente. “Em um momento como este em que vive o Brasil, com a proliferação dessas doenças infectocontagiosas, é crucial o nosso papel”, conclui.
Presente ao Simpósio, o prefeito de Lagarto, Lila Fraga, comemorou a iniciativa. “A cidade só tem a agradecer à Universidade por esse evento”, diz o prefeito. Mas alerta: “se cada pessoa, cada um de nós, nos preocuparmos um pouco com o que está acontecendo na nossa casa, vamos ajudar muito no combate a esse mosquito que vem causando tanto problema”, ressalta Lila.
O professor Marco Aurélio, que é pesquisador da área, concorda com o prefeito. Ele defende que a sociedade e o poder público devem atuar em diversas frentes. Sobretudo, neste momento, no combate ao vetor da microcefalia e de outras doenças. “Não existe uma medida única para diminuir os riscos”, explica. “As vacinas, como as de sarampo ou rubéola, tiveram grande impacto na diminuição das doenças infecciosas. Mas elas levam tempo para serem desenvolvidas e eficazes; é uma estratégia importante, mas que demanda tempo. Então, se não combatermos o vetor, a cada vacina que surja podemos ter outros vírus sendo transmitidos”, conclui o pesquisador.
Microcefalia
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal - o Ministério da Saúde vem adotando a medida padrão da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 32 cm, para a triagem de bebês suspeitos da doença.
As microcefalias podem ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como as substâncias químicas, agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação. A correlação entre o aumento de casos de microcefalia e o Zika vírus (transmitido pelo mosquito Aedes aegypti) é uma das hipóteses que estão sendo levantadas pela investigações em andamento do Ministério da Saúde.
Ascom UFS/Lagarto