Abel Victor e Josafá Neto | Rádio UFS - O Grupo TALT (Técnica Aplicada Lavínia Teixeira), do Departamento de Educação em Saúde da UFS, está realizando uma pesquisa para entender os impactos do isolamento social, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, em mães de crianças e adolescentes com deficiência no país. O objetivo é verificar como os efeitos da sobrecarga do cuidado se refletem nos níveis de ansiedade, estresse e depressão e analisar, além de crenças espirituais, qualidade e perspectiva de vida do público-alvo do estudo no período da crise sanitária mundial.
Com duração média de cinco minutos, os formulários digitais vão estar disponíveis até o final deste ano e podem ser respondidos mais de uma vez. Isso permite, segundo a coordenadora do TALT, professora Lavínia Teixeira, o acompanhamento, ao longo da pandemia, dos efeitos do confinamento na saúde mental do grupo social investigado. “A gente fica pensando como devem estar essas mães que tinham rotinas de levar às crianças para salas de cuidado, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicopedagogia e tinham acesso a diversos profissionais especializados para fazer os atendimentos aos filhos. E agora, elas se encontram em uma situação em casa o tempo inteiro e precisam dar o cuidado integral aos filhos. Aí, surgiu a inquietação de saber como está impactando tudo isso na vida dessas mães," explica Lavínia Teixeira.
A pesquisadora ainda afirma que o estudo pode orientar, além de ações na Universidade, propostas de políticas públicas de promoção à saúde das cuidadoras em nível local, com potencial de escala. “A partir dos resultados que a gente obtiver, a gente vai tentando ampliar isso para demais localidades. Isso é um andar de formiguinha. A gente vai primeiro pedacinho por pedacinho para tentar conseguir chegar a essa meta final, que são essas políticas também direcionadas para as mães.” O estudo também busca dar visibilidade às mães de crianças e adolescentes com deficiência. “Eu estava comentando com umas alunas anteriormente que as mães funcionam como cabides das pessoas com deficiência. E elas são invisíveis mesmo. Existem até profissionais que não chamam pelo nome. É: ‘ou, mãe, mãezinha, vem cá, mãezinha de não sei quem’. Existe esse olhar desumano para essas mães”, pontua.
Fundado no ano de 2007, o Grupo TALT está vinculado ao Departamento de Educação em Saúde do campus Antônio Garcia Filho, em Lagarto. O objetivo da iniciativa é promover a inclusão social de crianças e adolescentes com deficiência através da arte. O que são pessoas com deficiência? Segundo o Ministério da Saúde, pessoas com deficiência são “aquelas que têm impedimento de médio ou longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o que, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. Dados do Censo Demográfico do IBGE, em 2010, indicam que quase 45,6 milhões de brasileiros declararam ter pelo menos um dos tipos de deficiência (visual, auditiva, motora e mental/intelectual) apurados pela pesquisa.
Desse total, mais de 518 mil estavam em Sergipe. Além disso, mais de 5,4 milhões de pessoas, entre 0 e 19 anos, no Brasil, e quase 82 mil, no estado, disseram possuir algum tipo de deficiência. Para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é considerada criança o indivíduo com até 12 anos incompletos e adolescente aquele entre 12 e 18 anos de idade. Já em casos excepcionais, a lei brasileira se aplica a pessoas com até 21 anos de idade. Um bilhão de pessoas no mundo tem um tipo de deficiência, segundo a ONU. O número representa um indivíduo em cada sete no planeta. De acordo com o Unicef, 150 milhões de indivíduos com menos de 18 anos no globo têm algum tipo de deficiência. As mulheres que tem relação direta com a violência vivida com esses homens serão assistidas individualmente por equipe multiprofissional do município.