A pesquisa intitulada "A combinação de dor articular e sintomas depressivos é fator de risco para piores trajetórias da memória?", que integra o projeto de pós-doutorado em Gerontologia da docente Patrícia Silva Tofani, do Departamento de Fisioterapia do campus Lagarto, recebeu o prêmio de melhor tema livre em Gerontologia no XXIII Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia. O estudo é realizado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) sob a supervisão do docente Tiago da Silva Alexandre, do Departamento de Gerontologia da universidade paulista.
Os resultados da pesquisa revelam que as pessoas que apresentavam a coexistência de dor e sintomas depressivos apresentaram um declínio da memória mais rápido ao longo dos doze anos de acompanhamento do que aqueles que não apresentavam dor nem sintomas depressivos.
A pesquisadora destaca que ter apenas dor ou apresentar sintomas depressivos não acelerou o declínio da memória. O insight da pergunta de pesquisa surgiu da vivência na prática na Clínica Escola de Fisioterapia no Centro de Simulações e Práticas do Campus de Lagarto. “Idosos com dor adicionada aos sintomas depressivos apresentavam um declínio da memória maior quando comparado com aos idosos que só tinham dor ou depressão, no entanto, seria necessário um estudo robusto e representativo populacional para responder a essa questão”, afirma a pesquisadora.
No estudo realizado na UFSCar, a professora do campus Lagarto é supervisionada pelo docente Tiago Alexandre, que trabalha com epidemiologia e envelhecimento. O pesquisador também coordena o consórcio International Collaboration of Longitudinal Studies of Aging (Colaboração Internacional de Estudos Longitudinais sobre o Envelhecimento, em tradução livre).
Segundo Patrícia, “essa pesquisa só foi possível graças a liberação da UFS para o pós-doutorado e o aceite do Professor Tiago Alexandre”, adiciona. A intenção da docente é fortalecer e implantar essa rede internacional de pesquisadores na área de Gerontologia como ocorreu na parceria entre UFSCar, UFS e University College London.
O estudo engloba mais de 4 mil pessoas com 50 anos ou mais, provenientes do English Longitudinal Study of Ageing (ELSA Study), sem recorte de gênero, grau de instrução ou classe social. O objetivo é também contribuir no fomento de políticas públicas, pois o Brasil ainda vive um cenário de subnotificação e subtratamento dessa condição clínica (dor + depressão). "A boa notícia dessa pesquisa é que uma vez que a dor e os sintomas depressivos são condições modificáveis, as mesmas podem ser tratadas e monitoradas, evitando que influenciem negativamente na memória e comprometam a autonomia e a independência das pessoas”, pontua a pesquisadora.
Alguns fatores contribuem para esse quadro. “Na presença combinada de dor e de sintomas depressivos, há uma sobrecarrega nas redes neurais e um aumento de lesões em estruturas do cérebro como, por exemplo, o hipocampo, que é a região chave para formar e reter a memória e há muito a ser estudado sobre essa temática", observa Patrícia. O Congresso de Geriatria e Gerontologia aconteceu entre os dias 23 e 25 de março, em São Paulo.
Ana Laura Farias
Campus Lagarto