A partir deste contexto, o projeto nasceu no Laboratório de Patologia Investigativa (LPI/UFS), no Campus de Lagarto, sob coordenação do professor Paulo Ricardo Martins-Filho, em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe (Lacen/SE), o Hospital Universitário e a Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju.
“A lei nº 9.788 é um exemplo concreto de como a ciência produzida dentro da universidade pode se transformar em política pública com impacto direto na vida das pessoas, dos animais e do meio ambiente”, destaca o professor Paulo Ricardo. “A partir da identificação dos primeiros casos de esporotricose em felinos, realizamos uma investigação epidemiológica que evidenciou a rápida expansão da doença e a ausência de mecanismos de vigilância adequados”.

O trabalho científico que deu origem à lei foi construído de forma colaborativa e interinstitucional, com apoio do Ministério Público Federal, Senado Federal, Secretaria de Estado da Saúde e da própria Alese, por meio do mandato da deputada Kitty Lima, autora da proposição legislativa.
Para a professora Roseane Nunes, do Departamento de Medicina Veterinária (DMVS/UFS), o processo é resultado de uma trajetória iniciada ainda em 2019, quando começou a acompanhar os crescentes registros da doença em outras regiões do país.
“Em 2022, comecei a perceber relatos de casos em gatos aqui no estado e, com uma aluna, desenvolvemos um trabalho sobre esporotricose a partir de uma experiência clínica na Bahia”, relembra Roseane. “A partir daí, me aproximei do professor Paulo e passamos a estudar a realidade sergipana. Publicamos um artigo mostrando o quanto a falta de notificação dificultava o controle da doença”.

Para a médica dermatologista e pesquisadora Martha Débora Tenório, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS/UFS), a aprovação da lei simboliza a força da ciência quando conectada às necessidades sociais.
“Ver um estudo acadêmico transformar-se em política pública é uma das maiores realizações para quem faz ciência”, afirma Martha. “A esporotricose é uma zoonose que tem se espalhado de forma preocupante, e o controle só seria possível com a notificação compulsória também dos casos em animais”.

O artigo que embasou a proposta legislativa, “Neglecting animal sporotrichosis notification in Brazil: A challenge for One Health surveillance”, foi desenvolvido no LPI/UFS e reforça a importância da abordagem “One Health” (Saúde Única), que integra saúde humana, animal e ambiental.
Ascom UFS




