Seg, 05 de junho de 2017, 15:12

Pesquisa estuda ocorrência de Alzheimer na população idosa de Lagarto
O objetivo é identificar possíveis influências de nível de escolaridade e socioeconômico sobre a doença

Domingo, 8h30 do dia 28 de maio de 2017. Seguia uma manhã nublada na terra lagartense. Depois da benção final da missa, presidida pelo Padre Valmir Soares Santos, na Sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Piedade, no Centro de Lagarto,diante do estudante Gabriel Cortês, de medicina, a senhora Maria de Lourdes,76, é convidada a fazer a subtração 100 menos 7.Rapidamente, ela responde:"93". Quando perguntada pelo estudante: " 93 menos 7?, ela responde: "Aí não sei".

A demora na resposta de dona Maria é um exemplo das dificuldades que podem surgir no envelhecimento para fazer tarefas como uma conta. Dessa forma, chamar atenção da sociedade, dos cientistas e dos governos, a partir do número de ocorrências de Doença de Alzheimer no munícipio de Lagarto, para que haja estímulos a estudos e a um acompanhamento digno aos idosos acometidos por essa doença neurodegenerativa. Estes são os obetivos da pesquisa "Influência dos fatores socioeconômicos na ocorrência da Doença de Alzheimer", coordenada pela professora doutora Karine Vaccaro Tako, do Departamento de Educação em Saúde, do Campus Universitário Professor Antonio Garcia Filho, da Universidade Federal de Sergipe. O estudo em Lagarto é inédito, pois não há dados científicos que identifiquem casos da doença no município.

Responsável por mais de 50% dos casos de demência, a Doença de Alzheimer é a mais degenerativa entre idosos e segundo a Organização Mundial de Saúde é uma epidemia global e afeta segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer, de 2012, 1,2 milhões de brasileiros.As manifestações mais comuns são desinteresse por atividades habituais, perda da memória, alucinações, incapacidade de se orientar no espaço e em relação ao tempo. A pesquisa pretende mostrar que a banalização da demência no idoso dificulta que os casos de Alzheimer sejam detectados.


O estudante de medicina Gabriel Cortês (camisa verde) entrevista dona Maria de Lourdes, 76, na Igreja Nossa Senhora da Piedade, no Centro de Lagarto
O estudante de medicina Gabriel Cortês (camisa verde) entrevista dona Maria de Lourdes, 76, na Igreja Nossa Senhora da Piedade, no Centro de Lagarto

Serão coletados os dados de 385 idosos residentes no município de Lagarto. Os idosos estão sendo entrevistados em locais como Centro De Convivência de Idosos-Mariana Reis, do Asilo Santo Antônio, de grupos de interação das Igrejas da Diocese de Estância situadas no município de Lagarto e idosos participantes do Programa Hiperdia que ocorre mensalmente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

De acordo com o projeto da pesquisa, uma menor condição socioeconômica é fator-chave no surgimento e agravamento de várias doenças. A exposição às condições precárias de saneamento básico, os hábitos alimentares pouco saudáveis e pouca prática de exercícios físicos e mentais expõem a pessoa que possui baixo poder aquisitivo e desenvolve com mais frequência problemas de saúde, principalmente a partir do envelhecimento. Além de identifcar casos de Alzheimer em Lagarto, o estudo busca relacionar os fatores socioeconômicos e de escolaridade dos idosos analisados com o número de casos registrados da doença.

"A importância das pesquisas com idosos no Brasil como um todo se deve ao aumento da expectativa da população.Em Lagarto essa importância aumenta, uma vez que não temos nenhum levantamento das condições de saúde dos idosos daqui apesar de ser um município com população expressiva de idosos: mais de 8% da população total. Esse índice,segundo a OMS, ja considera o município como envelhecido", afirma a professora Karine Vaccaro Tako.


De acordo com dados da Associação Brasileira de Alzheimer, de 2012, 1,2 milhão de pessoas no Brasil são acometidas com a doença (foto: www.brasil.gov.br)
De acordo com dados da Associação Brasileira de Alzheimer, de 2012, 1,2 milhão de pessoas no Brasil são acometidas com a doença (foto: www.brasil.gov.br)

A execução da pesquisa está sendo feita com um questionário socioeconomico eleborado pelos próprios pesquisadores e com um teste composto com questões divididas em sete categorias.

Em cada pergunta, a intenção é avaliar a capacidade do idoso em expressar onde está, dizer a data, fazer cálculo, memorizar palavras e fazer desenhos. De acordo com o cronograma,o relatório da pesquisa deve terminar em julho.


Atualizado em: Ter, 06 de junho de 2017, 07:20