Sex, 09 de junho de 2017, 13:24

Sala de Cuidados em Práticas Integrativas oferece atendimento semanal gratuito
Serviço é prestado no Laboratório de Habilidades do Campus de Lagarto

A ocupação com os estudos, muitas vezes até a madrugada, a correria para sair de uma cidade, pegar o transporte e chegar à Universidade para participar da aula ou para trabalhar. O dia a dia sempre gera ocasiões quando o cansaço e as dores tornam-se presentes e interferem na qualidade de vida. Para minimizar estes prejuízos, uma das opções são as sessões de relaxamento.No Campus Universitário Professor Antônio Garcia Filho, da Universidade Federal de Sergipe, proporcionar momento de relaxamento, autocuidado e promoção da saúde e um espaço para aprendizado de alunos e de profissionais. Estes são os objetivos da Sala de Cuidados.

Em funcionamento desde setembro de 2016, na sala de Laboratório de Habilidades I do Departamento de Educação em Saúde, no prédio Departamental, a Sala de Cuidados realiza atendimento semanalmente, às quartas-feiras de 8h30 às 12h e paralisa as atividades nas férias. Trata-se de um ambiente de cuidado, onde são oferecidas, experimentalmente, três práticas integrativas ecomplementares: o reiki, a massoterapia e a auriculoterapia.

Qualquer pessoa pode procurar o serviço. O principal público atendido é a comunidade acadêmica composta por servidores e alunos, mas a comunidade externa também pode utilizar os serviços oferecidos. Cada paciente é identificado com um número. No formulário, há uma página com anotações sobre a evolução do paciente, à medida que o usuário continua o tratamento e outrapara a descrição dos atendimentos realizados.

De acordo com a professora Luciana Pereira Lobato, do Departamento de Farmácia (DFAL), atual coordenadora da Sala de Cuidados, a instalação do serviço no Campus surgiu da necessidade de promover espaço de estágio para os alunos de cursos oferecidos e promovidos por uma parceria entre Movimento Popular de Saúde (MOPS) e UFS, além do intuito de promover momentos de relaxamento, bem-estar e complementariedade das terapêuticas para acomunidade acadêmica e externa. O Mops surgiu em Goiânia, em 1981, e atua na defesa da sáude pública e busca articular,fortalecer e resgatar experiências de práticas alternativas em saúde.

A professora explica que, no período de 19 de setembro a 26 de outubro de 2016, nas quartas-feiras pela manhã, a Sala de Cuidados funcionou em um doslaboratórios de Habilidades do Campus de Lagarto. “A equipe de cuidadores foi formada por alunos dos cursos de extensão oferecidos pelo MOPS em parceria com a UFS, assim como outros voluntários, supervisores e facilitadores”, conta a docente. Integram a equipe a vice-coordenadora, Professora Rosiane Dantas Pacheco, do Departamento de Educação em Saúde (DESL), e os alunos do 2º ciclo de farmácia, Karen Helena de Oliveira Miranda, que organiza os atendimentos e acolhe o público, e Diego Franco Valença, que atua aplicando reiki e massoterapia.Nesta fase inicial, o levantamento feito pela equipe registrou 426 atendimentos, sendo 143 atendimentos de massoterapia, 110 atendimentos de Reiki e 173 atendimentos de auriculoterapia.

A Sala de Cuidados também atua fora do Campus quando solicitada, tendo participado de ações de extensão realizadas pelos cursos da UFS, da Campanha para o Uso racional de Medicamentos, promovido pelo Departamento de Farmácia, no dia 06 de maio, em praça localizada no centro do município de Lagarto. No último dia 31, no 2º Mutirão Nacional da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), realizando atendimentos no Centro de Especialidades Médicas (CEM).

A partir destes dados, verificou-se a importância da continuidade da oferta das práticas. No retorno às atividades, em 19 de abril deste ano, foram implantadas as fichas de acompanhamento e evolução dos “pacientes cuidados”. Atualmente uma média de 60 pessoas são atendidas semanalmente. A Sala de Cuidados entra em recessodurante as férias acadêmicas em junho, devendo retornar com os atendimentos semanais no início de agosto.


Na mesa de atendimento, a estudante Karen Helena preenche os formulários com a identifcação do paciente e as terapias solicitadas
Na mesa de atendimento, a estudante Karen Helena preenche os formulários com a identifcação do paciente e as terapias solicitadas

Auriculoterapia

A organização deste cadastro foi um dos aspectos elogiados pela estudante Paula Monise Evangelista Leal, 23, do curso de Terapia Ocupacional. “O atendimento achei bem melhor do que a primeira vez. Estava meio confuso, não tinham essas fichas, agora está mais organizado”, contou a aluna, frequentando a Sala de Cuidados pela segunda vez, para a sessão de auriculoterapia. A rotina de estudos na Universidade tem interferido na qualidade do sono de Paula, o que a levou a buscar o atendimento. “Na auriculoterapia senti que ficou os pontos que tem mais pressão, melhora significativamente até. Coloquei referente à ansiedade e ao sono que eu sintoque a UFS afeta. Melhora, melhorou”, conta.

Os pontos a que Paula refere-se são regiões da orelha que, se estimuladas por agulhas, por sementes de mostarda, por objetos metálicos ou magnéticos em pontos específicos podem aliviar dores ou colaborar no tratamento de diversos problemas físicos ou psicológicos, como ansiedade, enxaqueca, obesidade oucontraturas. A auriculoterapia integra um conjunto de técnicasterapêuticas, que tem como base os preceitos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Acredita-se que tenha sido desenvolvida juntamente com a acupuntura sistêmica(corpo), que é, atualmente, uma das terapias orientais mais populares em diversos países e tem sido amplamente utilizada na assistência à saúde.

Foi buscando aliviar as dores em virtude do trabalho na roça, onde planta feijão, mandioca, maracujá, que a senhora Josenilda Maria de Sousa, 45,lavradora, foi pela primeira vez à Sala de Cuidados para a sessão deauriculoterapia. Ela relatou que às vezes sente dor nas pernas e precisa tomar medicamento, o que a obriga interromper as tarefas de casa. Soube doserviço por uma amiga que já frequenta as sessões. “As pessoas queparticipamsempre falam bem”, disse. Dona Josenilda elogiou a organização e aeducação no atendimento. “Pra mim foi ótimo, porque é pra saúde né. Então gostei de participar, quero continuar participando”, declarou.


Aluna (sentada) em sessão de auricolterapia
Aluna (sentada) em sessão de auricolterapia

Massoterapia: sensação de tranquilidade

“Sai renovada né (sic) de certa forma. A gente vive muito tensa aqui na faculdade. O dia todo com a metodologia. Tem muita pressão e tem que estudar sempre”, declarou a estudante do curso de Terapia Ocupacional, Natali Santos Silva, 22, que fez sessão de massoterapia. A aluna concilia a carreira universitária com o trabalho de merendeira em Escola Estadual em Tobias Barreto. “Eu também trabalho, aí a gente fica muito tensa e qualquer formade relaxar é muito bem-vinda. Quando a gente sai, a gente tem esta sensação de tranquilidade”, diz.

Reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a massoterapia é um termo que engloba diversas técnicas terapêuticas, como massagens relaxantes eestéticas inspiradas no oriente e no ocidente, cujo objetivo é melhorar a saúde e prevenir alguns desequilíbrios corporais. Por meio do ato de tocar regiões do corpo de uma pessoa, realizando movimentos fortes ou sutis, sendo possível trabalhar os aspectos físicos e mentais de cada um.

Reiki: vale a pena experimentar

“Vale a pena experimentar, tanto pela sessão, quanto pelos terapeutas”. Esta foi a opinião da técnica em assuntos educacionais, Marcela Estevão, 31,servidora da UFS de Lagarto*, na Divisão Pedagógica, após sessão de Reiki. Residente em Aracaju, atualmente, Marcela estuda mestrado em educaçãofísica,tem dormido pouco, além de sofrer com dores no joelho, causadas por artrose e por tendinite no joelho. Ela contou que no início estava desenergizada efoi incentivada pelo cuidador reikiano a pensar em locais e em coisas que a fizessem se sentir relaxada. Contente com a sessão, a servidora sugeriu a ampliação do espaço para proporcionar mais privacidade no atendimento.

O Reiki é a canalização da frequência energética por meio do toque ou pela aproximação das mãos e pelo olhar de um terapeuta habilitado no método, sobreo corpo do sujeito receptor. A prática busca atingir as dimensões da consciência, do corpo e das emoções, fortalecer os locais onde se encontram bloqueios, os “nós energéticos”, eliminando as toxinas, equilibrando o pleno funcionamento celular, de forma a restabelecer o fluxo de energia vital, o Ki.


Reikki (à esquerda) e massoterapia (à direita)
Reikki (à esquerda) e massoterapia (à direita)

Políticas Integrativas

A oferta do atendimento das três práticas no Campus de Lagarto tem suporte na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNpic), regulamentada desde 2006 pelo Ministério da Saúde. As primeiras práticas institucionalizadas foram Homeopatia, Plantas Medicinais e Fitoterapia, Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura, Medicina Antroposófica eTermalismo Social – Crenoterapia. Atualmente, no Sistema Único de Saúde, estão credenciadas 19 modalidades. As Práticas Integrativas buscam a promoção global do cuidado e do autocuidado, oferecendo recursos terapêuticos complementares às terapias tradicionais, colaborando com o (re)estabelecimento físico e mental do ser humano, integrando-o com o meio e com a comunidade.


Equipe da Sala de Cuidados no 2º Mutirão da Ebserh em Lagarto, no Centro de Especialidades Médicas (foto: colaboração Professora Luciana Lobato)
Equipe da Sala de Cuidados no 2º Mutirão da Ebserh em Lagarto, no Centro de Especialidades Médicas (foto: colaboração Professora Luciana Lobato)
Sessões de massoterapia e reiki no 2º Mutirão da Ebserh em Lagarto (foto: colaboração Professora Luciana Lobato)
Sessões de massoterapia e reiki no 2º Mutirão da Ebserh em Lagarto (foto: colaboração Professora Luciana Lobato)

*Nota da Edição: A servidora foi removida e atualmente trabalha no Campus Universitário Professor José Aloísio de Campos, em São Cristóvão, sede da reitoria da UFS.


Atualizado em: Sáb, 10 de junho de 2017, 18:44
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